UERJ: QUEM TEM MEDO DOS TRABALHADORES INVISÍVEIS?
Depois da repercussão e denúncia da discriminação, a administração não está mais impedindo o uso dos elevadores por terceirizados uniformizados. A Reitoria da UERJ se pronunciou que isso não é permitido e vai apurar quem deu a ordem. Os relatos dos funcionários não mentem: não estavam deixando trabalhadores da limpeza entrar uniformizados.
O argumento declarado em relatos seria que tem o elevador de serviço para os funcionários usarem. Mas esse serve para transporte de cargas e equipamentos, por isso a lei municipal 3629/2003 reconhece que isso só é permitido nesse caso, para pessoas com trajes de banho e em reparos ou serviços de obras.
Mas o que motivou a segregação? Provavelmente a decisão dessa administração veio de uma vontade de esconder os “TRABALHADORES INVISÍVEIS”. A UERJ, em crise financeira, comprando novos elevadores, queria manter longe de vista os terceirizados. Uma visão formada em meio ao racismo, que mantém pessoas negras fora do exercício social, e submissão de trabalhadores.
Os funcionários da limpeza que entram 14h estão saindo mais tarde, sendo que antes saiam cedo por reconhecerem a dificuldade de transporte e segurança nos arredores da UERJ à noite. Muitos relatam cortes no descanso semanal remunerado, no vale transporte e alimentação, como punição de faltas e atrasos (mesmo justificados). NÃO RECEBEM ADICIONAL DE INSALUBRIDADE, mesmo limpando banheiros e alguns relatam que já houve acidentes como UMA FUNCIONÁRIA SE FURAR COM UMA SERINGA NUMA LIXEIRA!
Por isso, “pega mal” não deixar trabalhadores usar o elevador. A indignação das pessoas com esse absurdo pode tensionar uma situação que já está tensa. A dúvida que provavelmente passou na mente da administração, ao recuar da segregação, é “vai que”. Vai que os terceirizados usem seu poder, que é manter a UERJ em pé com o seu trabalho e resolvam se unir para lutar por seus direitos? Vai que cruzam os braços e exijam melhor tratamento no trabalho?