A educação municipal funciona sem o(a) auxiliar de atividades? Parece que não!

5/03/2018

A paralisação das (os) auxiliares de atividades educativas da rede municipal de educação teve grande impacto sobre o funcionamento das Escolas e CMEI’s de Goiânia. Até o momento, estima-se que mais de 130 instituições paralisaram suas atividades e outras tantas foram de alguma forma afetadas sem a presença de inúmeros funcionários.

Na porta da Secretaria Municipal de Educação (SME), desde às 9:00 da manhã, cerca de 350 pessoas cobraram explicações da prefeitura sobre o não pagamento do Adicional de Incentivo à Função (previsto tanto na lei quanto no Edital regente do concurso de 2016): “Assim não dá, eu não aguento! Trabalhar sem receber 30%!”. Junto da categoria, um carro de som – financiado coletivamente – que tinha o microfone aberto para todos que quisessem falar. E assim foi feito, pelo carro de som ou em conversas pelos arredores, trabalhadores das mais diversas regiões da cidade contaram como se deu o processo de suspensão das atividades nos seus locais de trabalho – nem sempre integralmente, existindo o risco de corte de ponto- e assim puderam compartilhar suas experiências de luta.

“Nós conversamos né, com a direção, explicamos o motivo da paralisação. Eles estavam cientes de que estamos sem receber esses 30% que é garantido dentro do edital e eles (prefeitura) estão nos negando desde o início. Quando a gente toma posse eles falam que tem que dar entrada (no processo) se quiser receber. Então nós conversamos, fizemos a votação e a maioria votou a favor de que parássemos, fechando o CMEI. Não está tendo atendimento” – relatou uma trabalhadora.

O movimento surgiu de forma autônoma, independente e é construído por uma base ampla – que chegou inclusive a derrubar uma tentativa de adiamento da paralisação. Uma auxiliar argumentava: “Sempre questionam se um movimento puxado de forma independente é legal, mas aí eu pergunto: ‘O que o prefeito faz com a gente é legal?’.

Ficou evidente hoje que não há mais disposição de esperar a complacência da prefeitura/SME, que chegou ao cúmulo de dizer em nota que estava implícito no edital é que os 30% seriam uma possibilidade, já que a lei 9.637/2015 diz “poderão receber”. Vale lembrar que os trabalhadores que entraram na rede antes de 2016 já recebem esse adicional, sendo que o critério para tal é simplesmente estar lotado na educação municipal, o que contrapõe a nota da SME. “Esses 30% é pra podermos estar em sala de aula. Nossa função é administrativa, mas às vezes temos função pedagógica. Muitas das vezes ficamos em sala de aula sozinhos, quando o professor falta, tá de atestado ou tem algum curso. Somos pressionados pela secretaria, pela direção pra ficarmos sozinhos em sala com 20, 30 crianças e sem o adicional, que é esse pagamento pra estarmos em sala, mas com o professor”. Uma outro trabalhador explicava ”A diretora da minha escola não quis parar. Como se o CMEI não precisasse da gente, mas não é assim, porque sempre que precisa de alguma coisa, ela chama os auxiliares. Ainda mais agora, com a falta de funcionários, a gente fica sobrecarregado”.

Ao fim, o descontentamento geral deixava o recado: “Nós somos Invisíveis, porque as pessoas não valorizam nosso trabalho, elas não enxergam a importância que tem o auxiliar dentro da escola ou do CMEI. Mas a gente estar hoje aqui é uma prova de que não, nós não somos invisíveis e que nós vamos lutar até o fim!” A promessa é de que, caso o atraso do pagamento do adicional complete aniversário, o caloroso presente dado pelos auxiliares de atividades educativas à prefeitura será do tipo que ela não costuma gostar de receber: a deflagração de uma greve na educação.