Trabalhadores da educação pública na mira se reúnem em Goiás
Trabalhadores da educação federal, estadual e municipal se reuniram no dia 24 de novembro de 2018 para debater como podemos nos defender coletivamente das perseguições e ataques a esses trabalhadores. Entendemos que é de fundamental importância debatermos coletivamente sobre o método utilizado pelo principal organizador de ações de ataque aos professores, o Escola Sem Partido, para tentarmos chegar a conclusões comuns e formar uma rede de solidariedade que de fato seja útil para conseguirmos barrar os ataques.
Socializamos aqui uma síntese inicial da dinâmica que utilizamos e do debate que fizemos para utilização dos demais trabalhadores da educação que tenham interesse em organizar uma roda de conversa, atividade similar ou se inteirar um pouco melhor.
Estudo do Projeto da Escola Sem Partido e estratégias de resistência
1. Roda de apresentação e proposta de atividade.
2. Divisão em três grupos e discussão da base do projeto escola sem partido.
a)Leu o “Flagrando o Doutrinador”
b) Leu “Planeje Sua Denúncia” e “Conselho aos Pais”
c) Leu o modelo de Notificação Extrajudicial e Deveres do Professor.
3. Esses três grupos se reuniram no geral para apresentar suas conclusões e discussões coletivamente.
4. A partir de um diagnóstico do método do Escola Sem Partido, passamos a debater ações e métodos possíveis de resistência.
5. Marcamos uma próxima reunião dia 15/12/2018
Sistematização da discussão
● Grupo 1: O ESP parece possuir uma visão de que os estudantes são indivíduos que não trazem nenhum tipo de conhecimento ou visão de.mundo fora da escola. O aluno seria uma folha em branco, de fácil manipulação a mercê do professor abusador, doutrinador e aliciador. O ESP possui uma estratégia traçada por palavras chaves e ações que desqualifique o papel político do professor. Proíbe discussões fundamentais para o desenvolvimento de um sujeito crítico e atuante, negando a possibilidade de qualquer conflito na escola. Cria também um clima de caça às bruxas na escola desgastando o professor e sua relação com a comunidade escolar.
● Grupo 2: O ESP possui um claro objetivo de desestabilização da escola pública e da autonomia do professor, judicializando as relações (nota extrajudicial). Tensiona a relação da família com a escola definindo a ação de “bons “pais que vigiam os professores dos seus filhos(relação punitivista). Defende uma “neutralidade científica” que possui forte relação no isolamento da produção de conhecimento da Universidade em geral. Joga o isolamento da universidade para um ressentimento popular ‘anti-intelectualista’. Tenta individualizar e isolar os sujeitos do universo da educação.
● Grupo 3 : O ESP faz da educação um campo de disputa ideológica com método de deslegitimar a autonomia do professor, regular sua prática(controle dos conteúdos) a partir de uma liberdade negativa – a liberdade de não ser ‘molestado’ por ‘conteúdos ofensivos’. O denunciante opera como Cavalo de Troia registrando as “ações doutrinárias”, a ESP incentiva sua publicização, a partir daí temos uma reação ao ataque – muitas vezes uma reação abusiva de alunos ou colegas do professor -e a partir daí a criação de um fato político o que gera uma violência maior, sobretudo simbólica. A ESP pensa em uma hegemonia a longo prazo em toda a cadeia da educação e visa ocupar e blindar do conflito os espaços democráticos das escolas.
Esboço de Resistências possíveis:
● Mudança da linguagem no debate sobre as denúncias no ambiente escolar.
● Aproximação da família com a escola (debatermos pluralidade religiosa, cultural)
● Realizar rodas de conversas em diferentes frentes e abordagens na escola .
● Elaboração de um vídeo: Escola Sem Doutrinação.
● Elaboração de vídeos, imagens, charges.
Estudos de caso:
O “mártir” do ESP – Felipe Svaluto Paul
Ameaças, ofensas e sindicâncias: quatro professoras perseguidas por palavras e atividades
Material usado como fonte para elaboração da atividade:
Escola Sem partido: o que está em disputa? – Tomé Moraes, professor.
Ideologia de gênero – a gênese de uma categoria – Rogério Diniz Junqueira, professor.
Flyers da atividade