[Rio de janeiro] TERCEIRIZADAS(OS) DA UERJ RECEBEM SALÁRIO: UMA VITÓRIA, MUITOS DESAFIOS

Recebemos nesta última quinta, as primeiras confirmações por terceirizadas (os) da empresa APPA, que faz a limpeza na UERJ. O salário de fevereiro caiu nas contas. Depois dos encarregados e supervisores dizerem que até dia 20 de março, os funcionários poderiam ficar sem salário.

Sabemos e muitos sabem do absurdo que passa um trabalhador quando não recebe salário. Depois da exploração e desdobramento para trabalhar na carga horária e ainda fazer render pagando compras, contas e custas consigo mesmo ou com a família… Um atraso no salário pode trazer a fome ou mudanças drásticas em suas vidas.

Essa condição que despertou a solidariedade e apoio de estudantes, professores e outros funcionários. Principalmente, a ação dos terceirizados em não comparecer ou diminuir seu trabalho. Isso gerou uma situação de prejuízo que lembrou à UERJ e à APPA da importância desses trabalhadores.

Essa força dos trabalhadores que garantiu o pagamento do salário. Mas não aconteceu sem desafios, que precisamos lembrar:

Conveniência da APPA diante da falta de terceirizados: muitos trabalhadores da limpeza relataram que ao atrasar o pagamento de salário, alguns passaram a faltar e a empresa APPA não reclamava. Acontece que ela continuou descontando os dias de falta, como relatou alguns funcionários que estavam comparecendo: “A gente tem que vir mesmo não recebendo porquê ganha falta se não vem. E sobra trabalho pra cobrir dos que faltam”.

Na disputa entre patrões, trabalhadores que sofrem primeiro: a APPA alega estar sem receber da UERJ 4 faturas mensais. Por que os trabalhadores sempre devem pagar essa conta? A UERJ produz, recebe investimento do Estado e a APPA explora esse recurso como terceirizada. Os trabalhadores, sofrem controle e REPRESSÃO por serem submetidos ao regime da terceirização. Temendo demissões e perdas de benefícios. Isso garante pessoas trabalhando para o Estado ou para as empresa, sendo coagidas a aceitar a pior condição de trabalho.

LICITAÇÃO DA LIMPEZA: o novo reitor, Ricardo Lodi, quer fazer uma licitação para decidir qual empresa vai realizar o serviço de limpeza na UERJ. Muitos trabalhadores relatam que é provável que a empresa VERDE, que já realiza serviço de jardinagem e de ascensoristas, é a mais provável a ganhar. Eles temem que a empresa pague um Vale Refeição menor e tenha mais rigorosidade em punição contra faltas ou atrasos. Mesmo que licitação tenha o critério da publicidade em Diário Oficial, garantindo a igualdade de condições entre empresas que disputam a vaga, o que importa aqui são as condições de trabalho que estarão nos termos do contrato.

PREVENÇÃO AO CORONAVÍRUS: a secretaria de saúde do RJ prevê que em 4 semanas, o Estado terá entre 4 a 10 mil de infectados. Por isso, instituições estão seguindo recomendações, entre elas de evitar aglomerações, cancelando seu funcionamento. O problema é que a UERJ, assim como a UFRJ, cancelaram as aulas decretando 15 dias de recesso, mantendo o funcionamento dos setores técnicos e auxiliares. Ou seja, técnicos administrativos e terceirizados terão que trabalhar, não tendo licença ou abono de faltas. Ficando expostos à doença. Lembrando que muitos trabalhadores terceirizados são idosos, parte do grupo que corre risco de morte.

Diante desses desafios, fica a dificuldade dos trabalhadores em se organizar de forma oficial. Como realizar uma greve e contar com um sindicato ou entidade que os apoie. A condição de seus contratos é dessa precarização, onde os patrões consideram de alta produtividade. Mas a experiência recente com seu atraso de pagamento, mostrou um pouco da sua força: a solidariedade de outros trabalhadores e a possibilidade de parar ou diminuir a produção. Simplesmente, caso fiquem sem receber, muitos decidiram não trabalhar com o mesmo resultado de um momento em que recebem. Isso promoveu a resposta da UERJ e da APPA, mais rápida do que ela mesma prometeu, que era de pagar os terceirizados até o dia 20 de Março.